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Motorista de empresa parceira realiza checklist de logística, com a verificação dos itens segurança

Logística reversa

Foco em eficiência e produtividade: 94% das embalagens primárias de defensivos comercializadas têm destinação ambientalmente adequada

A estrutura de transporte do Sistema Campo Limpo conta com a articulação de 47 transportadoras adequadas à sazonalidade do negócio, que em épocas de pico realiza até 70 viagens por dia, em uma teia que atende postos, centrais e destinos finais com precisão.

Em 2016, a demanda foi atendida com 12,6 mil de fretes para o transporte das embalagens pós-consumo, em uma média de 13,5 toneladas por caminhão – a máxima eficiência alcançada combinando os fatores capacidade e segurança nos deslocamentos.

O transporte aproveita o frete de retorno: os veículos que transportam as embalagens de defensivos agrícolas cheias aos distribuidores e revendedores são utilizados, na volta, para levar as embalagens vazias dos postos para as centrais, onde são compactadas e levadas ao destino final (reciclagem ou incineração).

Iniciado em 2013, o Agendamento de Devolução de Embalagens Vazias (adEV) vem contribuindo para a melhoria do planejamento logístico e maior previsibilidade de demanda. O adEV oferece aos agricultores a possibilidade de programar as devoluções das embalagens por meio do computador ou dispositivo móvel.

Iniciativa também lançada em 2013 foi a padronização dos Recebimentos Itinerantes. Por meio dessa modalidade de recebimento, é possível ampliar a capilaridade do SCL, aproximando-se ainda mais do agricultor, especialmente nas áreas onde a quantidade de embalagens não justifica a instalação de uma unidade física de recebimento. Em 2016, foram realizadas 4,9 mil ações de Recebimento Itinerante em todo o Brasil.

Nível de eficiência mantido em 2016

94%

das embalagens comercializadas têm destinação ambiental correta

SIC

Por meio do Sistema de Informações das Centrais (SIC), disponível via web, o planejamento logístico obtém dados em tempo real sobre a quantidade e o tipo de material movimentado até o dia anterior, em diversos agrupamentos. A rapidez e eficiência do sistema vai permitir novas configurações a partir de 2017, com a possibilidade de ter um processo mais dinâmico e permitir ajustes em um intervalo de tempo menor. Assim, será possível ter ainda mais precisão na informação e qualidade da gestão.

A inovação e a tecnologia são destaques na trajetória do inpEV. O Sistema de Informações das Centrais (SIC) nos permite assegurar a rastreabilidade de todo o processo de destinação das embalagens vazias. Outro instrumento de gerenciamento, o Agendamento da Devolução das Embalagens (adEV) facilita o planejamento, antecipando a demanda e a gestão dos estoques.

Leonardo Fernandes, gerente de TI, no inpEV desde 2008.

Destinação adequada

Em 2016, 44.528 mil toneladas de embalagens vazias tiveram destino ambientalmente correto por meio do Sistema Campo Limpo, representando 94% do total das embalagens primárias comercializadas. O Sistema manteve seus patamares elevados de eficiência, mas o volume de embalagens destinadas foi 2,2% menor na comparação com 2015. Esse resultado se deve a fatores externos, como condições climáticas que afetaram as safras, aumento da comercialização de sementes biotecnológicas mais resistentes às pragas e crescimento do contrabando de agroquímicos, fatores responsáveis pela redução do uso de defensivos agrícolas no campo.

O acompanhamento rotineiro e atento permitiu ao inpEV antecipar esse cenário. A meta de destinação final inicialmente prevista para 2016 foi revista ainda no primeiro semestre do ano, passando de 46,5 mil toneladas para 44,5 mil, o que permitiu os ajustes necessários na cadeia e, por fim, o atingimento dessa nova meta ao fim do ano.

Aproximadamente 90% das embalagens vazias são destinadas à reciclagem. As demais, como as que não foram devidamente lavadas pelo agricultor, embalagens flexíveis ou contendo sobras de produto, são incineradas. GRI EN28.

Em 2016, foi inaugurada a primeira fase das instalações da Campo Limpo Tampas e Resinas Plásticas, que complementa as atividades da Campo Limpo Reciclagem e Transformação de Plásticos, ambas idealizadas pelo inpEV (leia mais no quadro a seguir).

Em 2016, uma nova etapa de separação de IBCs (Intermediate Bulk Container) permitiu uma alteração na forma de destinação dessas embalagens e a redução de custos do processo. As bolhas plásticas são separadas da estrutura em metal, permitindo que esta última seja reutilizada. Já as bolhas continuam sendo destinadas para incineração. Com isso, o benefício total ao inpEV foi de mais de R$ 460 mil, valor que contempla a redução da incineração e o ganho do material destinado para reuso da grade.

Outra conquista importante em 2016 foi a aprovação do uso da resina plástica reciclada das embalagens vazias de defensivos agrícolas para novos artefatos, passando de 17 para 33 possíveis aplicações diferentes.

Combate a ilegais

Por conta do crescente uso de produtos fitossanitários contrabandeados, o inpEV participou de eventos para disseminar conhecimento e aprimorar ações preventivas, em Minas Gerais. A iniciativa foi realizada em conjunto com diversos órgãos do setor e representantes governamentais

Contribuição para autossuficiência

Idealizada pelo inpEV em 2008, a Campo Limpo Reciclagem e Transformação de Plásticos S.A. foi um importante marco para alavancar a geração de recursos pelo próprio Sistema. Lançada em 2009, a Ecoplástica Triex é a primeira embalagem fabricada a partir desse processo com certificação UN (para transporte terrestre e marítimo de produtos perigosos) no mundo. O processo de produção conta com a certificação ISO 9001:2000

Em um novo passo para gerar valor, em 2014 foi criada a Campo Limpo Tampas e Resinas Plásticas Ltda., que complementa o portfólio da Campo Limpo Reciclagem e Transformação, reciclando as tampas das embalagens vazias de defensivos agrícolas. A nova unidade comercializa a Ecocap, um sistema de vedação de alta performance para embalagens, além de resinas pós-consumo.

Além de soluções inovadoras para fechar o ciclo da gestão de embalagens de defensivos agrícolas, esses itens também possibilitam ganhos ambientais significativos, com redução de emissões de gases de efeito estufa e economia de recursos em relação à produção tradicional.

Recebimento de impróprios

Iniciado em 2015, o recebimento de embalagens contendo sobras de produtos regularmente comercializados nas centrais de recebimento teve continuidade em 2016 e ampliou o número de unidades preparadas e licenciadas para receber os materiais, de 24 para 69 centrais. A previsão é alcançar 100% das centrais até o fim de 2017.

O recebimento de sobras e defensivos agrícolas impróprios pelas unidades de recebimento do Sistema era proibido até 2014 pela Resolução Conama 334/03, alterada pela Resolução 465/15 que autorizou o licenciamento dessa atividade. São considerados impróprios, produtos fabricados e comercializados regularmente no Brasil, registrados nos órgãos competentes, com data de validade vencida ou avaria que impossibilite seu uso.

Para receber essas embalagens, as unidades precisam passar por adequações físicas, como a definição de um espaço específico e isolado dos demais para acondicionamento dessas embalagens, entre outras exigências estabelecidas pela legislação. Também é necessário um novo licenciamento da unidade. O inpEV está orientando as centrais nas adequações das instalações físicas e na obtenção das licenças. Esse recebimento oferecerá mais segurança ao meio ambiente e às pessoas, evitando o risco do armazenamento inadequado nas propriedades agrícolas ou o descarte incorreto do produto.

Impróprios

Produtos fabricados e comercializados regulamente no Brasil, mas que estão com data de validade vencida ou embalagem avariada, impossibilitando seu uso

Destinação de obsoletos

Os obsoletos são produtos banidos, cuja fabricação e comercialização estão proibidas por lei desde 1985, em especial os organoclorados.

No estado de São Paulo, desde 2015, um termo de convênio assinado por Coordenadoria de Defesa Agropecuária, Cetesb e inpEV visa ao desenvolvimento de atividades a serem executadas para o gerenciamento dos produtos obsoletos declarados. Essas atividades envolvem a emissão de licenças, acondicionamento e logística, incineração e fiscalização. As ações de coleta devem retirar 420 toneladas de 327 propriedades em 2017.

Em 2016, o inpEV também assinou um termo de cooperação técnica com o governo do Paraná para a segunda etapa da operação de eliminação de produtos obsoletos naquele estado, que foi pioneiro em ações como essa. A primeira fase ocorreu entre 2012 e 2013, quando foram retirados das propriedades rurais e incineradas cerca de 1,2 mil toneladas do material. Esse termo de cooperação conta com a participação da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Instituto das Águas e Instituto Ambiental do Paraná – IAP) e da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural – Emater). Também envolve a Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar) e o Sistema Faep (Federal da Agricultura do Estado do Paraná).

Obsoletos

Produtos banidos, com fabricação e comercialização proibidas por lei, em especial organoclorados

Novos produtos

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artefatos são fabricados a partir da resina reciclada, como:

Pallets, suporte para sinalização rodoviária, cruzeta de poste, caçamba e roda plástica para carriola, embalagem para óleo lubrificante, conduíte, dutos, caixas, tubo para esgoto, barricas de papelão e plástica



Embalagens destinadas (t) GRI G4 EN23

Destinação por região(%)
2016

Destinação por estado (t)

20152016%
Mato Grosso10.39110.485↑ 0,9
Paraná6.1105.970↓ 2,3
São Paulo4.6574.583↓ 1,6
Rio Grande do Sul4.8564.572↓ 5,9
Goiás4.6494.485↓ 3,5
Mato Grosso do Sul3.4983.431↓ 1,9
Minas Gerais3.4543.402↓ 1,5
Bahia3.4133.088↓ 9,5
Santa Catarina9401.006↑ 7,0
Maranhão873789↓ 9,6
Piauí727643↓ 11,6
Tocantins498605↑ 21,6
Rondônia301478↑ 58,9
Espírito Santo348292↓ 16,0
Pernambuco310232↓ 25,2
Pará170191↑ 12,8
Alagoas149107↓ 28,4
Rio de Janeiro6155↓ 10,0
Sergipe4054↑ 35,8
Rio Grande do Norte5841↓ 29,6
Roraima2918↓ 37,3
Amazonas3↓ 100,0
Totais*45.53644.528↓ 2,2

* Variações na quantidade destinada de um ano para o outro nos estados são consequência de fatores pontuais, entre eles: variação no consumo de defensivos agrícolas causadas por mudanças climáticas, disponibilidade de frete, otimizações na logística e expansão da fronteira agrícola.

Segurança e controle

A atuação do inpEV assegura a destinação correta das embalagens de defensivos agrícolas pós-consumo, reduzindo os riscos e impactos na saúde e segurança da sociedade. Toda embalagem recebida é vistoriada no momento do recebimento nas centrais e postos do SCL, sendo emitidos recibos de entrega de conformidade aos agricultores.

As embalagens não conformes (que não foram lavadas adequadamente) são notificadas e encaminhadas para a área segregada (barracão de não lavadas) e as embalagens não pertinentes (que não são de defensivos agrícolas) não são recebidas e devolvidas ao agricultor. Os impactos na saúde e segurança e a busca de melhorias nos produtos também são garantidos por meio da certificação ISO 9001, além de ações como: a) programa de manutenção preventiva de equipamentos; b) monitoramento de peso e dimensões dos fardos; c) programa de não conformidade de fardos avaliado pelo reciclador; d) tratativa de não conformidades caso a caso; e e) monitoramento de resíduos químicos nas embalagens. GRI G4-PR1

Vale ressaltar que o inpEV não exporta e nem importa resíduos perigosos. Os resíduos considerados perigosos transportados pelo SCL são as embalagens não laváveis e as que não foram corretamente lavadas pelos agricultores no momento do preparo da calda do produto. O processo para o transporte desses itens é padronizado, e feito em cargas separadas das demais embalagens. Não há contato dos operadores com os produtos. Em 2016, foram transportadas 4,5 mil toneladas desse tipo de material, representando 10% do total de embalagens vazias transportadas no período. Todo o material é enviado para incineração. GRI G4-EN25, G4-EN30

Temos um Sistema consolidado e conhecemos profundamente o processo. Nosso foco agora se volta para oportunidades de otimizar custos, melhorar a produtividade e gerar inovação. Devemos estar atentos às novas tecnologias de produtos e embalagens e avaliar toda a cadeia a partir disso. Isso nos motiva para o futuro.

Paulo Ely do Nascimento, Gerente de Operações Sul, Sudeste e Centro-Oeste, no inpEV desde 2002