Paulo Celso Mathias, da BASF, destaca o Sistema Campo Limpo e iniciativas de circularidade de plásticos da companhia
“A integração entre tecnologia e sustentabilidade é fundamental para um futuro agrícola responsável e resiliente, conectando inovação, agricultores e sociedade”, observa Paulo Celso Mathias, diretor de Operações e Supply Chain de Soluções para Agricultura da BASF na América Latina
Paulo Celso Mathias é diretor de Operações e Supply Chain de Soluções para Agricultura da BASF na América Latina. Com mais de 35 anos de experiência na BASF, Paulo já passou por diferentes áreas da multinacional química – Engenharia de Manutenção e Projetos, Sistemas de Informação, Auditoria Interna, Controladoria de Negócios, Logística e Supply Chain – atuando nas operações do Brasil e Alemanha. Em entrevista ao Portal do Sistema Campo Limpo, o executivo fala sobre inovação, sustentabilidade e da importância da atuação do inpEV e do Sistema Campo Limpo.
1.Enquanto representante da BASF e integrante do Conselho diretor do inpEV, como avalia a atuação do Instituto e do Sistema Campo Limpo?
O Brasil é referência no processamento sustentável de embalagens vazias, com 97% das embalagens recebidas destinadas à reciclagem, enquanto os 3% restantes são devidamente incinerados, segundo o próprio inpEV. Esses dados demonstram a atuação bem-sucedida do Instituto. O Sistema Campo Limpo chega para alavancar esse cenário, promovendo a sustentabilidade também na agricultura a partir da destinação ambientalmente correta de embalagens de defensivos agrícolas.
O sucesso da iniciativa é resultado da colaboração entre todos os elos da cadeia, por isso, a união de agricultores, indústria, revendedores e agentes públicos é tão importante, bem como a atuação do inpEV como promotor desse progresso sustentável.
2. Como a sua companhia tem contribuído com o trabalho desenvolvido pelo Sistema Campo Limpo?
Como parte de um dos elos da cadeia, a BASF atua em colaboração com o Sistema Campo Limpo em diversas frentes. Participamos ativamente dos comitês do Sistema, em que promovemos educação e conscientização a partir de treinamentos com os agricultores sobre a importância do retorno das embalagens vazias pós-uso, uma exigência obrigatória. Isso vai ao encontro com o compromisso da BASF em apoiar o legado dos agricultores com responsabilidade socioambiental.
Vale ressaltar que realizamos, por meio da Fundação Eco+, a consultoria de sustentabilidade mantida pela BASF, a contabilidade do número de embalagens retornáveis que devem ser declarados anualmente. Isso nos permite saber a quantidade de embalagens que foi para o mercado e quantas retornaram, garantindo um monitoramento preciso e transparente.
3. A BASF desenvolve diversas iniciativas de sustentabilidade, muitas delas relacionadas à circularidade do plástico. Poderia destacar as principais ações e os seus resultados?
Temos muito orgulho em desenvolver iniciativas de sustentabilidade voltadas à circularidade dos plásticos, não só na agricultura, mas em outras áreas de negócio da BASF. Por exemplo, o B-Cycle, nosso portfólio robusto de soluções para reciclagem mecânica do plástico, que melhora a qualidade, performance e segurança do produto reciclado para que possa voltar ao consumidor com mais facilidade. Já o ChemCycling® é uma iniciativa de reciclagem química de resíduos plásticos não recicláveis mecanicamente, transformando-os em uma matéria prima secundária chamada óleo de pirólise para criar produtos químicos. Esse processo diminui a liberação de gases de efeito estufa pois os resíduos plásticos não são incinerados.
O CirculAí, um projeto que ressignifica o refugo de poliamida 6 e 66, promovendo o uso de materiais reciclados e garantindo rastreabilidade e aplicações de vida longa é outra ferramenta importante. Além disso, somos uma das empresas pioneiras na adoção dos bioplásticos degradáveis e compostáveis, como o ecoflex® e ecovio®. Importante dizer que os benefícios da aplicação de plásticos biodegradáveis na agricultura incluem a conservação da temperatura, melhor aproveitamento de nutrientes e proteção das culturas de ervas daninhas. A grande vantagem em relação aos plásticos convencionais é que os filmes de ecovio® não precisam ser removidos na colheita e, por serem compostáveis, produzem adubo que enriquecem o solo, sem impactos ambientais, beneficiando o plantio e aumentando sua produtividade.
4. Quais são os principais desafios da empresa na implementação dessas ações?
Reconheço que um dos principais desafios é a necessidade de expertise para identificar oportunidades e modelos de negócios viáveis, considerando que a informalidade das cadeias de reciclagem e gestão de resíduos dificulta a rastreabilidade e a garantia de qualidade dos materiais. Garantir que os plásticos reciclados mantenham qualidade e performance comparáveis aos dos materiais virgens, por exemplo, é essencial para a eficácia da reciclagem. Isso exige apoio técnico e financeiro, além de sistemas de rastreabilidade mais avançados.
5. Qual a visão da BASF sobre a integração de novas tecnologias e práticas sustentáveis no setor agrícola nos próximos anos?
A inovação é uma das bases do trabalho da BASF. Por isso, acredito que o avanço da tecnologia tem um poder transformador e pode ajudar o produtor rural a obter rentabilidade de maneira eficiente e sustentável, em termos de utilização de recursos naturais. Por isso, estamos comprometidos em continuar investindo em soluções inovadoras que promovam a sustentabilidade e que facilitem o enfrentamento de novos desafios no campo, bem como manter iniciativas pautadas pelo compromisso com o desenvolvimento sustentável, como é o caso da Fundação Eco+. A integração entre tecnologia e sustentabilidade é fundamental para um futuro agrícola responsável e resiliente, conectando inovação, agricultores e sociedade.