Emanuele de Almeida, presidente do Indea-MT
“A atuação contínua do INDEA-MT e a evolução na conscientização, integração e empenho dos agentes envolvidos fazem do Estado do Mato Grosso o maior destinador de embalagens vazias.”
Emanuele de Almeida é advogada e assumiu a presidência do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea) do Mato Grosso, em janeiro de 2021. O órgão é responsável pelo controle sanitário e por monitorar o maior rebanho bovino brasileiro, com 34,4 milhões de animais. Além disso, atua diretamente no controle e fiscalização do processo de logística reversa das embalagens vazias de defensivos agrícolas no Mato Grosso, o Estado que mais destinou embalagens de forma ambientalmente correta – um total de 15.495 toneladas de embalagens – segundo os dados mais recentes divulgados pelo inpEV. Em entrevista ao Portal do Sistema Campo Limpo, a presidente do Indea-MT destaca a importância do trabalho de fiscalização feito no Estado e os desafios na gestão da pasta. 1) O Estado do MT é o que mais destina as embalagens vazias de defensivos agrícolas de forma correta no Brasil. Que fatores contribuem para isso? A capilaridade, controle e atuação contínua do INDEA-MT com certeza são fatores primordiais, aliados à evolução na conscientização, integração e empenho de muitos agentes envolvidos, desde a fabricação até o processamento das embalagens vazias. 2) O poder público representa um importante elo do Sistema Campo Limpo. Como tem sido a atuação do INDEA-MT na fiscalização desse processo de destinação? O INDEA-MT atua diretamente no controle e fiscalização no processo de logística reversa das embalagens vazias no Estado de Mato Grosso. Atualmente, toda aquisição de agrotóxico é registrada no Sistema de Defesa Vegetal (SISDEV), assim como as devoluções das embalagens realizadas nas Unidades de Recebimento de Embalagens. Dessa forma, a fiscalização atua diretamente, amparada pelo Extrato de aquisições e devoluções, e com fiscalizações in loco nas propriedades rurais, que são consideradas atividades de rotina, realizadas de forma contínua ao longo do ano. 3) A senhora acredita que os agricultores estão mais conscientes em relação à importância da devolução das embalagens vazias de defensivos agrícolas? Com certeza. Já faz parte da rotina do produtor rural realizar a devolução das embalagens vazias de agrotóxicos. É claro que ainda são encontradas destinações irregulares, de forma pontual, mas a grande maioria já está ciente da importância do processo de logística reversa das embalagens. 4) Mato Grosso também concentra o maior rebanho bovino do país. Quais os principais desafios do INDEA-MT nesse contexto? O Indea está presente em 139 municípios e, portanto, descentralizado. Tem investido em tecnologia, com o intuito de desburocratizar os serviços oferecidos aos produtores. Pelo Sistema Integrado de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Sindesa), um conjunto de sistemas online do Indea, é possível a emissão eletrônica da Guia de Trânsito Animal (GTA), verificação de saldo, do histórico analítico e da conferência de nascimento e de morte, entre outros serviços oferecidos. Nesta gestão lançamos um aplicativo que deu mais segurança e agilidade às operações dos produtores rurais. Por meio de QR Code, as GTAs emitidas pelo Indea, no Sindesa e no Módulo do Produtor, podem ser escaneadas por celulares, facilitando a conferência de sua veracidade por parte da Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal e dos próprios funcionários do Indea, em seus mais longínquos postos de fiscalização. Em janeiro, os atestados de vacinação contra a brucelose passaram a ser enviados pela internet. Até dezembro passado, o documento que comprovava a vacinação contra a doença transmissível que ataca os bovinos, outras espécies animais e o homem, era apresentado apenas de forma presencial nas unidades do órgão no estado. Portanto, os avanços que estamos realizando acompanham o crescente número de gado bovino no Mato Grosso. 5) Em 2021, a senhora foi apontada pela revista Forbes como uma das 100 mulheres mais influentes do agronegócio do país. Como avalia a presença feminina no agro brasileiro? Há um protagonismo? Uma maior participação das mulheres tem sido crescente a cada década e em diversos segmentos, como no agronegócio. O desenvolvimento de máquinas de precisão, que substituíram a mão de obra braçal e de força, a chegada de investimentos tecnológicos e o uso de melhoramento genético ajudaram a atrair cada vez mais mulheres ao campo, antes predominantemente masculino. As mulheres atentas a isso trataram de se qualificar e aperfeiçoar para aplicar na propriedade familiar ou até mesmo no emprego no campo. E, com o tempo, fomos ocupando mais espaços.
A dedicação que nos propomos a fazer e a vontade em nos prepararmos tecnicamente para a atividade é, sem dúvida, os motivos que levam a nossa participação no agronegócio crescer a cada década. E ao que tudo indica, a nossa presença, será cada vez maior, e sem sombra de dúvidas, o crescimento da agricultura terá uma maior participação com a nossa força de atuação.?